sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A psicologia e o império do profundo



O problema da psicologia é que transferiu nossos problemas diários para o discurso do profundo.

Nossos dramas pessoais assim resultam das intrincadas relações do nosso subconsciente e o mistério das nossas dificuldades com o outro e com nós mesmos está debaixo do tapete, nos recônditos da nossa "casa mente".

Vivemos no império do escondido, difícil de ser revelado e descoberto, acreditando em iluminações da psicologia para desvelar nossos dramas, nos tornamos assim escravos dos divãs, da psicologia de botequim e da metafísica do eu. 

Saímos da vida cotidiana com pessoas reais e vivemos no mundo do desvendamento da psicologia dos seus métodos transcendentais, acreditando na sua força para libertar um escravo do seu profundo. 

Mas como disse Nietzsche, num dos raros momentos de iluminação filosófica, o profundo é apenas uma ruga na superfície. Pessoas que transferem suas questões para o "profundo" do discurso psicológico se afogam no seu próprio egoísmo.

O STF aprovou a criminalização da greve e a permissão do corte de salário. É a justiça brasileira cavando sua própria cova.

Gastamos com o judiciário mais caro do mundo. Mais de 1% do nosso PIB é desembolsado para pagar uma "justiça" inescrupulosa e corrupta, para não dizer golpista também. 

Um amigo me disse que os juízes são funcionários públicos são "inteligentíssimos" e estudaram muito para chegar onde chegaram, por isso merecem os salários (escandalosos) que ganham. 

O que se estuda ou o quanto se estuda para se passar nesses concursos para juízes e promotores parece não repercutir na eficiência de uma justiça que é morosa e na atuação duvidosa de muitos dos nossos mais ilustres juízes, Gilmar Mendes é um exemplo disso.

Falar de estudo e mérito, numa sociedade que prima pela meritocracia e pela presença de dinastias que se estabeleceram no judiciário brasileiro há séculos protegendo o status quo e colocando massivamente preto e pobre na cadeia, é uma piada. O que vemos da justiça brasileira é um STF, que representa o mais alto clero do judiciário brasileiro, velho e com suas aposentadorias milionárias garantidas, cupincha do delírio (Janaína Paschoal) e parcialidade (Moro) de juizecos, vaidosos.

Vemos a sanha de promotores imberbes que usam slides infantilóides para prender alguém sem provas e pelas convicções, apenas pela arrogância de suas togas degeneradas. Pagar 46.000 a um "funcionário" desses é indecente e imoral, num país em que a justiça só funciona para poucos, em que impera a plutocracia e não a democracia. Para mim isso não é justiça. 

Outra coisa: volume de trabalho e estudo não justificam salários astronômicos (como defendeu meu amigo), senão vou reivindicar isso também para milhares de brasileiros também que penam por um lugar ao sol, e, esses sim, "inteligentíssimos" em suas estratégias de sobrevivência, num país de injustiças praticadas pela "justiça". 

Se houver no Brasil uma revolução parecida com a francesa, sei quais serão as primeiras cabeças que rolarão sob as guilhotinas.