quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A literatura brasileira e os estudos culturais



Imigração, nacionalismo, racismo, feminismo, política e história. Esses são alguns temas pelos quais os chamados Estudos Culturais se interessam, ao investigar textos literários. Tais estudos, que começaram a gozar de prestígio no mundo, durante a década de 50 do século XX, a partir de publicações vigorosas de pesquisadores britânicos das ciências humanas e sociais da chamada Escola de Birmighan (onde se destacam os trabalhos de Stuart Hall, Richard Hoggart, Raymond Williams, entre outros), não se configuram exatamente uma novidade ao chegarem às universidades brasileiras, no final desse mesmo século e início do século XXI.

Por aqui, apesar de recentemente essa rubrica constar nos programas de graduação e pós-graduação na área de letras, parte de suas preocupações - sua atenção à cultura, à religião, às questões de gênero e etnia - já estava na pauta de críticos brasileiros do século XIX, como Silvio Romero e José Veríssimo.

O que mudou, entretanto, com a chegada desses Estudos Culturais estrangeiros na academia brasileira do século XXI, já que os praticávamos de alguma forma, foi a construção nos dias de hoje de discursos comprometidos com demandas periféricas e lutas históricas das chamadas “minorias”, diferentes daqueles praticados pelos intelectuais do final do século XIX e início do século XX, preocupados com a manutenção de um status quo hegemônico, e com seu eurocentrismo.

A força do questionamento de centrismos culturais e políticos dos teóricos anglófonos, dialogando com uma crítica cultural, praticada por intelectuais latino-americanos, incluindo nesse grupo professoras e professores de graduação e pós-graduação de universidades brasileiras (a exemplo de Cornejo Polar, Nestor Garcia Canclini, Eneida Cunha, Eneida Souza, Florentina Souza, Cornejo Polar, Walter Mignolo, Silviano Santiago, entre outros) permite colocar em cheque certa tendência neolocolonialista de acreditar que o melhor da produção literária é sempre produto de movimentos ditados por “iluminados”, situados em centros econômicos, ou em países do chamado primeiro mundo. Permite, ainda, valorizar produções de artistas marginalizados, comprometidos com uma estética inovadora e com lutas históricas e políticas da contemporaneidade.

2 comentários:

  1. É importante citar que Jorge Amado foi excluído das referências brasileiras canônicas justamente por estar situado fora da zona literária modernista, de sua época, situado em São Paulo. Foi considerado regionalista, criticado pelo falta de criatividade estilística do seu texto e por sempre referenciar em suas obras as minorias. O que se pode observar é que Amado se encaixa perfeitamente na ótica do Estudo Culturais que dá face a análise social e destaca também os assuntos referidos as minorias, como: o gênero, raça, classe social, religião, etc. Todas estas temáticas estão delatadas nas obras de Jorge.

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  2. Ótima explicação sobre a Literatura Brasileira e Estudos Culturais, lembrei das aulas de Teoria da Literatura.
    Abraço!

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